quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Pescando

Helenaldo Tristão

Arrumando a traia para pescaria já imaginando o tamanho do peixe pretendido, como se perfumando para a balada na intenção de uma boa pescaria. A vara, a melhor, a mais resistente, de fibra de vidro, não quebra nunca, pode vir até tubarão. A roupa, comprada hoje, dividida em seis prestações, gel no cabelo e o chaveiro da chave do carro bem chamativo, uma boa isca. Isca na vara, vara na água, é peixe pra todo lado, cada peixão! Menos na vara, paciência...Paciência é a alma do negócio, o lance tem que ser bem suave, para não dispersar a peixada. Não deu certo na primeira, vamos pra segunda, terceira, mas o peixe maior e mais gostoso, ta bem ali, na roda de pescadores, cada um mais eufórico que o outro para iscar o peixão. Curvas perfeitas como de uma cereia e cheiro hipnotizante como o olhar de uma meduza. È esse o peixe, pretendido por todos mas difícil de beliscar a isca, tem lance de todos os lados. Mas o pescador nato sabe como chegar perto do peixão. Primeiro tem que atraí-lo para mais perto da sua isca e longe das outras. Mas se o peixe não vir vá até ele, faça-o sentir o cheiro de sua isca, olhe bem dentro de seu olhar e não deixe-o piscar, de o lance próximo a ele e venha puxando a isca até trombar no peixão, como que se não quisesse oferecer a isca a ele. A princípio o peixão vai titubiar e não vai atacar a isca, paciência, a alma do négócio. Troque a isca, coloque uma mais saborosa, para enaltecer o peixão, fazêlo pensar que é o único do oceano, a linha tem que ser a mais forte para não arrebentar. Pronto para o grã-finale, o lace tem que ser certeiro, por isso não se afobe, respire fundo e lance, bem perto de sua boca. Bingo..., ela sentiu o cheiro da isca, mas não a deixe morder, puxe a linha devagar, faça o peixão nadar até você. A minhoca está esticada por causa da puxada e da sucção da boca do peixão tentando engoli-la. Puxe a isca mais rápido agora, assim fará com que a velocidade do peixe ausente, fazendo assim suas escamas se desprenderem enudencendo o peixão. Agora ela está na sua, mexa a vara pra lá e para cá, fazendo o peixe dançar como um rebolado frenético. Deixe dar uma biliscadinha para deixar-lo ainda mais faminto, nesta hora os outro pescadores apenas observam e se roem de inveja, o peixão engoli a isca lentamente até sentir o ferrão, agora é tarde, não adianta lutar contra o pescador o peixe se deixa levar sem saber agora qual o seu destino final, um troféu de pesca ou no prato de uma boa comida.

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