segunda-feira, 7 de maio de 2012

Mãe Mesmo nesta escuridão total sei que estou seguro. Sito o seu coração aqui dentro do meu. Já não sei quanto tempo estou aqui, poderia ficar pra sempre. Algo me diz que não vou poder... Quem é você que me acaricia? Ainda não posso vê-la, mas posso sentir, sinto, ouço... Como é bom estar aqui dentro é tão quentinho, aconchegante, mesmo assim quero sair, ver ti. Porque choras? Por que gritas? Causo lhe dor? “Vem meu filho”. Filho? Esse é meu nome? “Parabéns mamãe.” Mamãe, este é seu nome? Mamãe porque ainda choras? E mesmo assim sorri? Engraçado sentir que mesmo aqui de fora estou aí dentro. O que é isso que me ofereces? Hum ...é bom...gostoso. Nossa mamãe como você é linda, igualzinha a mulher com que eu sonhada todos os dias. Esse seu carinho ta me deixando com sono...Não estou conseguindo resistir... te vejo... agora não te vejo... agora te vejo... agora não... Mãe como o tempo passou, nem me lembrava mais destes momentos. A única coisa que não mudou foi a certeza de estar aqui e ao mesmo tempo estar aí dentro. Sei disso por tudo que fez e ainda faz por mim, mesmo estando perto ou distante, sei que o infinito nunca será empecilho para estar comigo, onde quer que eu esteja. Este amor de mãe é inexplicável, incomparável, é belo. Como pôde Deus criar você tão perfeita, sem defeitos. Obrigado mãe por me mostrar a luz, apesar de que a escuridão de seu ventre seria minha moradia preferida, mas a luz chamada vida, Obrigado por suportar toda aquela dor e passar por ela de novo se preciso fosse. Mesmo que vivas mil anos não conseguirei retribuir com amor o mesmo amor que me oferecestes. Perdão por faltar em momentos que precisou de mim. Sei que não precisaria lhe pedir perdão, porque pra você nunca errei, mas sei que às vezes errei. Mãe porque nunca me disseste que era vidente? Sempre soube que iria fazer frio ou chover. “Filho leva sua blusa de frio.” “Filho vai chover hein!”. Mãe me dá de novo seu colo, quero adormecer, sentir seu carinho, sonhar com o teu rosto me olhando, como antes. Não estou resistindo.. te vejo agora...agora não vejo...vejo agora...agora não vejo...

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Alegria estereotipada

De que vale esta alegria estereotipa que exalamos aos cantos e que é percebida por todos, se não é nada disto que somos. Perdemos a noção do que queremos ou pelo menos fingimos isto, com risos, danças, beijos, erotismo, tudo isto está para nós como nós estamos para a desolação, solidão. Tendo rondado as noites e o que mais vejo é isso, a galera se esbaldando no álcool e no beijo sem compromisso, tudo lindo e maravilhoso, pena que dura apenas uma noite, como um comprimido de êxtase, droga alucinógena que faz com que nos sintamos bem, relaxados, desprovidos de medos ou vergonha, e que quando o efeito passa, voltamos ao normal. O sentimento de vazio volta juntamente com aquela mesma timidez ou vergonha que sempre existiu. Amores que vem e vão, se é que podemos dizer amores?... Acho que os jovens de hoje não conheceram ainda o verdadeiro significado desta palavra, o álcool queimou boa parte dos componentes celebrais desta nova era e junto com eles o significado. Só o tempo pode amadurecer essas cabecinhas ocupadas com estudos e baladas. A evolução às vezes é severa, a culpa de boa parte é dela. Cada vez mais precisamos estudar e trabalhar, nos esquecemos da vida, como ela é curta e que precisamos vivê-la com amor, amor em nós mesmos. Envelhecemos mais rápido, morremos mais cedo, e o que fica? Esta vida de amargura envelopada de carnaval.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

FAÇA O QUE TIVER VONTADE

Somos seres vivos e temos total controle sobre nossas ações, a sociedade é apenas um selo de intimidação para questões de convívio, mas nada nos impede, por exemplo, de sentir vontade de tirar a roupa e sair pelado pela rua, (é certo que não por muito tempo). Então se temos vontade de fazer algo o que nos impede? Quem nunca teve vontade de dizer a alguém que a ama ou que a odeia? E não disse. Quem nunca teve vontade de chutar o balde e não chutou com medo de machucar o pé. Perdemos oportunidades na vida pelo simples fato de achar que não deveria ter feito, as vezes é melhor arrepender do que fizemos do que do que não fizemos. Refletindo mais intimamente, vemos que a correria do dia a dia os deveres e afazeres nos impede de conversar com sigo próprio, de pensar que o amanhã pode não chegar e perdermos a oportunidade de ouvir o próprio coração bater, de pedir desculpas a alguém, ou de sonhar acordado com um amor derradeiro. Somos pessoas preocupadas em mostrar para os outros que a vida é como um circo e que estamos rodeados por pessoas nos vendo, as vezes rindo, as vezes chorando. Mas quando o espetáculo acaba, ninguém sabe o que foi fazer o palhaço.
Amizades verdadeiras são raras, assim como os amores, digo o amor de homem e mulher, porque o amor de pais e filhos, esse é incontestável. Então se tens amizade verdadeira, ou amor, diga, diga sem medo, faz bem para a alma e para o coração. Se tiveres vontade de sair pelado, saia faz bem pra alma e para coração (e pra vizinhança). Se ta de saco cheio do seu chefe, peça conta, faz bem pra alma e para o coração, faça o que tiver vontade, não pense em se arrepender, pois não terá outra chance.

Helenaldo Tristão

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A porteira

Helenaldo Tristão

Tem uma estória de uma certa porteira mal assombrada lá pras banda de Curtelinho, cidadezinha pequena e pacata, que arrepia até mesmo aqueles mais matuto de lá.
Dizem que aquela porteira, feita de pinho, madeira nobre, com três paus na horizontal e três na vertical, se abre sozinha e bem devagar sempre que a meia noite o relógio tocar. Quem mora por perto e não tem coragem de ir lá, escuta todas as noites seu longo e estridente rangir, que entra pelos ouvidos e percorre todo o corpo até o calcanhar.
Ladeado de árvores centenárias e já secas um caminho por terra se vê bem ao longe uma velha e oponente casa, antiga e já não habitada. Contam que o convite da porteira é para entrar, e conhecer a história que agora vou contar.
Há algumas dezenas de anos morava ali um fazendeiro, rico plantador de café, conhecido por nome de Manoel Feijó, mas era mais conhecido ainda por sua ganância e arrogância. Manoel era viúvo e tinha apenas uma filha, Mercedes, menina bem educada e estudada, de olhos azuis como o céu e pele branca como algodão. O Fazendeiro Feijó, homem mais rico daquelas bandas, possuía muitos escravos como empregados na colheita de feijão, que viviam livremente em pequenos acampamentos dentro da propriedade. Não era generosidade mas sim um pedido da filha Mercedes que queria para aquela gente um pouco de felicidade.
João, o escravo que cuidava dos animais, um mulato forte e fisionomia arredia um dia se sentiu encantado, quando Mercedes firmou aqueles olhos azuis em seu olhar. Daí em diante João não mais conseguiu disfarçar, seu coração acelerava toda vez que via ela chegar. Uma bela noite de calor Mercedes disse ao pai que ia cavalgar, encontrou João no estábulo, pediu a ele um garanhão arrumar, feito o serviço, o cavalo a ela ele foi levar, então com um beijo em seu rosto ela agradeceu, foi aí que aquele enorme mulato se sentiu uma criança e começou a chorar. Mercedes segurando sua mão o convidou-o a com ela cavalgar, João de imediato lhe disse não, sabendo de sua situação, um simples peão.
Dias se passaram e o amor proibido crescia a cada dia nos dois corações. Mas um dia ou outro um dos dois não ia agüentar, o escravo então resolveu despedir-se da moça para nunca mais voltar. Foi nesta noite que o amor aconteceu, ali no estábulo em meio ao relinchar dos cavalos e o cheiro de capim. Ela não quis deixa-lo ir, mas ele com medo do que poderia vir, foi embora no outro dia sem se despedir.
Sete longos meses se passaram e Mercedes não conseguia mais disfarçar sua barriga, afinal carregava no ventre duas crianças. Seu pai então furioso disse que esses negros ali não podiam nascer, mandou então abortar. Mercedes se negou e com o pai nunca msi falou. Mas o orgulho do fazendeiro era maior, numa noite fria onde Mercês se punha a caminhar pela fazenda e a pensar no seu amado que se foi sem menos saber que seria pai, ouviu se pelos escravos que dormia um barulho como um trovão, que ecoou por toda fazenda e logo trouxe com sigo um silencio assustador. No outro dia bem cedo se descobriu que aquele não era um trovão mas sim um tiro certeiro que atingiu Mercedes bem em seu coração.
A maldade do pai não teve comparação interromper a vida da filha sem compaixão, por causa do orgulho ele não teve perdão, um ano se passou e Deus lhe tomou a visão, mais um ano se passou e ele fez parar seu maldoso coração.
A fazenda foi se esvaindo e tudo que nela havia morreu, as plantações os cavalos os rios, os escravos foram embora, foi daí então que num longínquo sertão, João foi saber da terrível maldição, pegou seu alazão e cavalgou cinco dias e cinco noites para voltar onde deixou seu coração. Desceu do cavalo em frente a porteira, ali se ajoelhou, e em soluços a Mercedes pediu perdão, por não ter coragem de enfrentar o fazendeiro os seu filhos nunca conheceu. Ali ele passou a noite, ajoelhado em frente a porteira.
Nunca mais se viu João. Mas tem gente que já ouviu no tocar da meia noite o choro de um matuto, o ranger da porteira os passos de duas crianças e um beijo apaixonado.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Você

Teus olhos penetram em minha alma, tua boca me faz sonhar acordado, teu cheiro me alucina, teu corpo domina o meu, tua voz me encanta, as batidas do seu coração ritimizam o meu, tuas mãos me sustentam. Mesmo não querendo, não consigo resistir, basta você pedir e comigo conseguir o que quiser, parece hipnose. Que engraçado não conseguir dominar os próprios movimentos, o corpo já não obedece ao cerebro, somente o coração, o mesmo que há algum tempo disse ao cerebro que deixaria ser comandado. Mas quem nasce para comandar, sempre será comandante. Não sabemos o que virá no amanhã, mas o hoje é especial, o medo de errar outra vez é eminente, mas estar com você me faz esquecer de tudo. Às vezes queria que fosse um sonho, porque no sonho, sabemos que vamos acordar e tudo ficará bem, ao contrário da vida que quando está bem, está bem, quando está ruim, ruim vai ficar. O que acontece aqui dento é difícil de explicar, só sei que ao mesmo tempo em que sufoca, me faz respirar. Talvez esteja receoso do que possa vir, talvez não tenha vivido o suficiente para conhecer verdadeiramente o amor.
Helenaldo Tristão

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Felicidade

Buscamos a felicidade sempre, mesmo que esteja distante. Às vezes ela pode estar do nosso lado e não percebemos. Vivemos única e exclusivamente atrás dela, o resto é conseqüência. Temos decepções, mas o que seria a vida sem ela. Não podemos desistir, porque seria fraqueza, e esse é um mal só dos fracos, e só sobrevivem os fortes. O sol nasce todos os dias e junto com ele a esperança de sermos felizes, e quando vem a escuridão é apenas um momento de descanso para continuarmos a luta no dia seguinte. Temos sim que desvendar novos territórios como em uma guerra, sempre tentar vencer e o que me alivia é que temos vida e força para seguir em frente.
Helenaldo Tristão

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Pescando

Helenaldo Tristão

Arrumando a traia para pescaria já imaginando o tamanho do peixe pretendido, como se perfumando para a balada na intenção de uma boa pescaria. A vara, a melhor, a mais resistente, de fibra de vidro, não quebra nunca, pode vir até tubarão. A roupa, comprada hoje, dividida em seis prestações, gel no cabelo e o chaveiro da chave do carro bem chamativo, uma boa isca. Isca na vara, vara na água, é peixe pra todo lado, cada peixão! Menos na vara, paciência...Paciência é a alma do negócio, o lance tem que ser bem suave, para não dispersar a peixada. Não deu certo na primeira, vamos pra segunda, terceira, mas o peixe maior e mais gostoso, ta bem ali, na roda de pescadores, cada um mais eufórico que o outro para iscar o peixão. Curvas perfeitas como de uma cereia e cheiro hipnotizante como o olhar de uma meduza. È esse o peixe, pretendido por todos mas difícil de beliscar a isca, tem lance de todos os lados. Mas o pescador nato sabe como chegar perto do peixão. Primeiro tem que atraí-lo para mais perto da sua isca e longe das outras. Mas se o peixe não vir vá até ele, faça-o sentir o cheiro de sua isca, olhe bem dentro de seu olhar e não deixe-o piscar, de o lance próximo a ele e venha puxando a isca até trombar no peixão, como que se não quisesse oferecer a isca a ele. A princípio o peixão vai titubiar e não vai atacar a isca, paciência, a alma do négócio. Troque a isca, coloque uma mais saborosa, para enaltecer o peixão, fazêlo pensar que é o único do oceano, a linha tem que ser a mais forte para não arrebentar. Pronto para o grã-finale, o lace tem que ser certeiro, por isso não se afobe, respire fundo e lance, bem perto de sua boca. Bingo..., ela sentiu o cheiro da isca, mas não a deixe morder, puxe a linha devagar, faça o peixão nadar até você. A minhoca está esticada por causa da puxada e da sucção da boca do peixão tentando engoli-la. Puxe a isca mais rápido agora, assim fará com que a velocidade do peixe ausente, fazendo assim suas escamas se desprenderem enudencendo o peixão. Agora ela está na sua, mexa a vara pra lá e para cá, fazendo o peixe dançar como um rebolado frenético. Deixe dar uma biliscadinha para deixar-lo ainda mais faminto, nesta hora os outro pescadores apenas observam e se roem de inveja, o peixão engoli a isca lentamente até sentir o ferrão, agora é tarde, não adianta lutar contra o pescador o peixe se deixa levar sem saber agora qual o seu destino final, um troféu de pesca ou no prato de uma boa comida.